segunda-feira, 27 de julho de 2009
XXI - BAHUR
Na manhã seguinte, Enoth retornou com sua manada escoltada por um bando de tigres. O grande elefante, juntamente com o líder felino, veio até onde estávamos e dirigiu-se a Constantino:
- Que o Criador da natureza te ilumine com a paz, rei-ancião.
"Eu também podia entendê-lo", pensei com alegria, porém, não interferi na conversa, pois ao que tudo indicava o assunto era entre reis. Talvez por ser o mais velho de nós, Enoth elegeu Constantino como rei do nosso grupo. Então, contentei-me apenas em ficar atento no que diziam.
- Que a paz do Criador também esteja contigo, Enoth. - respondeu Constantino.
- Apresento-lhe o rei dos tigres. Bahur veio para ajudar na escolta de vocês até próximo à cidade dos artesãos, cujo o nome é Xamhur.
- É um prazer rei Bahur. Estamos ansiosos para chegar a esta cidade.
- É preciso ter paciência. O bando de Koht, o leão renegado está caçando por estas bandas. Por princípios pacíficos não queremos confronto com ele. - disse Bahur.
- Isso quer dizer que, se atacados, não poderemos nos defender? - inquiriu Constantino.
- Temos que evitar matança. Mesmo em defesa própria. Quando acontece, somos julgados e podemos ser banidos para Barhem, onde se recupera o espírito. Além de que, matar pode despertar nossos instintos primitivos e nos transformar em vorazes predadores, enfim, em desgarrados.
- Entendo, rei Bahur. Esperaremos a hora que achar conveniente. Agrada-nos, em muito, tê-los como irmãos nessa viagem. - disse Constantino.
- Então, que o Criador da natureza fique com vocês. Quanto a nós, ficaremos de sentinela nas redondezas. - despediu-se Bahur.
- Que o Criador os acompanhe - retribuiu Constantino.
XX - ENOTH
- Senhores, - foi dizendo Constantino - Enoth saiu com sua manada pra fazer uma sondagem nas redondezas, ele teme que possa haver desgarrados na região.
- Peraí! Devagar! - cortei - Quem é Enoth? E o que são "desgarrados"?
- Ah! Desculpem... Enoth é o rei dos elefantes, aquele grandão que sempre anda na frente da manada, e desgarrados são todos aqueles, homens ou animais que, neste mundo, não se abstiveram de se alimentar ou viver da nossa forma tradicional. Eles se recusam a viver da energia de Anágma. Matam prá comer, cortam árvores e usam fogo. São chamados de desgarrados ou renegados e, segundo Enoth, são muito perigosos.
- Podem nos atacar? - perguntou Eleanora.
- Enoth disse que onde estamos é uma área segura, protegida pela energia de Anágma, mas, para chegar em Xamhur, a cidade dos artesãos, teremos que passar por florestas livres da proteção de Anágma, onde corremos o risco, sim, de sermos atacados por homens ou felinos em busca de caça. - finalizou Constantino.
- Tava bom demais prá ser verdade. - lamentei - Então, aqui também temos corrompidos e corruptores...
- O elefante falou com você? - interrogou Eleanora.
- Não! Elefantes não falam! Apenas comunicou-se, ele solta seus sons normais, olhando em nossos olhos, e nós o compreendemos. Quando falamos olhando em seus olhos, também compreendem.
- Caramba! - Cerrado coçou a cabeça - Ele disse quando voltaria?
- Amanhã. Aproveitemos bem o dia.
XIX - MAGNÍFICOS GIGANTES
Da mata fechada que cercava nosso pequeno paraíso, surgiu uma manada de imponentes elefantes. À frente dela, vinha um grande mamífero, o maior de todos, que parecia liderar o grupo. Aproximando-se de nós, abaixaram-se à nossa frente, e não sei como, sentimos que nos diziam para montá-los.
- Será que querem que façamos o que estou pensando? - procurei a confirmação de Cerrado.
- Acredito que sim. Vamos, acho que vão nos levar para algum lugar - confirmou Cerrado.
Montamos aqueles dóceis e magníficos animais e saímos, como uma caravana de indianos. Aceitando o convite, iniciamos a caminhada por um mundo cheio de surpresas. Iríamos conhecer coisas jamais vistas pelo homem: o inimaginável. Não sabíamos para onde estávamos indo, porém, tínhamos a certeza de que alguém, ou algo, nos esperava.
A montaria de Eleanora se aproximou da minha e ela disse-me em um doce tom de voz:
- Estou feliz por estarmos juntos de novo, Montezuma.
- Eu também, Eleanora. Aquele beijo ainda queima em meus lábios. Eu também te amo.
De tempos em tempos, durante a caminhada, nos alimentávamos das energias das mais diversas e saborosas frutas. Era uma maneira diferente de se alimentar, porém, não menos saborosa.
Bastava-nos observar e desejar e nossas necessidades eram supridas.
À noite, acampamos em uma clareira onde tiramos boas horas de sono até o raiar do dia.
A manhã surgiu com esplendor, com aves voando, cantando e fazendo ciranda no céu. Quase ao pé da mata, corria um límpido córrego onde tomamos banho e brincamos feito crianças. Eu e Eleanora estávamos enamorados, divertiamos com os peixes coloridos que passavam sob nossas pernas. Ali, trocamos muitos beijos apaixonados e fizemos amor como se fosse a primeira vez de cada um de nós.
Voltamos pra junto dos nossos companheiros que caminhavam no centro de nosso acampamento. Constantino observava os animais, se encantava com os pássaros e com as flores. Era incrível como conservava a elegância, mesmo estando, ainda, usando a roupa suja e esfolada por obstáculos no trajeto de nossa viagem. Fiquei olhando para aquela simpática figura por alguns instantes. Foi nesse momento que algo muito estranho aconteceu: o elefante que parecia ser o líder da manada se aproximou de Constantino colocando-se à sua frente. Constantino passou a gesticular e pronunciar alguma coisa. Chamei a atenção de Cerrado:
- Cerrado, acho que está acontecendo alguma coisa...
- Tem razão, é mesmo estranho... - concordou.
O velho parecia olhar nos olhos do elefante e continuava a gesticular como se estivesse ao meio de uma animada conversa. O mais incrível é que parecia que o elefante, de quando em quando, assentia com a cabeça. Por fim, o elefante virou-se e saiu levando consigo, a sua manada.
- É amigo, não duvido mais de nada... está parecendo que o elefante estava dizendo para o Constantino que ia embora... o velho está vindo prá cá, vamos esperar e ouvir o que ele tem a nos dizer. - disse Cerrado.
- Mas, não vamos perguntar nada pra ele, tá? - disse eu.
domingo, 19 de julho de 2009
XVIII – O PARAÍSO
Acordei sobre uma relva fina e verde que se estendia ao longe feito um tapete. Olhei em minha volta e vi um grande lago e, mais para o horizonte, montanhas e colinas. Flores e borboletas davam ar de inocência à paisagem, enquanto aves belíssimas enfeitavam o céu e as margens do lago. À minha esquerda iniciava-se uma floresta de mata fechada, era uma paisagem muito diferente das que eu estava acostumado a ver nos últimos dias. Tudo era muito limpo, as cores se combinavam e as gramíneas tinham tamanho uniforme. Parecia que tudo aquilo era cuidado por um exímio jardineiro. O lago era límpido e azul; o sol, apesar do brilho intenso, não alterava a temperatura que era bastante agradável. Gamos e gazelas saíram da floresta e se dirigiram para o lago para saciar a sede. Ao olhar para mais longe, senti uma alegria muito grande, lá estavam eles: Cerrado, Eleanora e Constantino sentados em uma pedra observavam, em silêncio, a paisagem daquele lugar.
Caminhei lentamente em direção a eles. A pressa e a impaciência não combinavam com o que nos rodeava, tudo era paz!
- Que lugar lindo! - disse ao me aproximar dos meus companheiros.
- O paraíso deve ser desse jeito - reforçou Constantino - um lugar sem mácula e sem pecado.
Cerrado puxou o chapéu sobre os olhos e estirou-se na pedra parecendo querer tirar um cochilo; olhei para o relógio e ele estava parado, a câmera digital também não funcionava, insisti com o notebook sem nada conseguir. Nesse instante, olhei para o lado e um terror tomou conta de mim: um casal de tigre caminhava lentamente em nossa direção, acompanhado por dois filhotes.
- Cerrado, Cerrado... tigres estão vindo para cá - falei baixinho para que os animais não me escutassem.
- Não enche Monte... preciso cochilar um pouco... na América do Sul não existem tigres - disse Cerrado meio sonolento.
- Então... não estamos na América do Sul, também uma família de leões está vindo para cá.... - gemeu Constantino.
- Cerrado, levanta... a coisa está feia! - pediu Eleanora.
- Vocês não podem me ver sossegado... Ah! Meu Deus! Leões, tigres! Não se mexam! - disse Cerrado ao perceber que seus amigos tinham razão, os animais estavam ali bem perto deles.
Os enormes felinos passaram por nós sem nos molestar. Dirigiram-se às margens do lago, com a cabeça direcionada ao seu centro. Muitos outros animais foram chegando e se colocando na mesma posição que estavam os felinos. Aquilo era intrigante, parecia uma grande convenção de animais. Ali, estavam eles, centenas de presas e predadores: ursos, onças, pássaros de grande porte, capivaras e tantos outros, sem o menor traço de agressividade. A paz era total.
Nesse instante, uma luz multicolorida desceu do céu em direção ao centro do lago. Ao aproximar-se da água, foi adquirindo uma tonalidade de predominância azulada. Seu clarão foi crescendo e se expandindo para os lados até fundirem-se com aquela horda de animais. Deu para notar que a luz os penetrou como se levasse a energia da água para saciar sua sede.
- Acho que acabamos de descobrir como se mata a sede neste lugar, viram? É muito parecido com o que foi relatado na carta - falei acrescentando: sendo assim, acredito que não há porque temer esses bichos.
- Calma aí, Monte. Devagar! Não confie em tudo que lê. Eu vou ficar aqui, bem quietinho, até que essa bicharada vá embora... - retrucou Cerrado.
Antes que Cerrado terminasse suas considerações, o casal de tigres com seus filhotes, parou bem à nossa frente e ficou a observar-nos. Aquela luz desceu, novamente do céu, parando sobre nossas cabeças, e foi adquirindo tamanho até explodir e lançar-se em partes até a direção da família de tigres, que satisfeita seguiu seu rumo mata a dentro.
- Acho que acabamos de ser devorados, de uma forma virtual ou espiritual, é claro! - brinquei.
- Isso é inacreditável! - exclamou Constantino - Nem mesmo em nome da subsistência precisam matar! Inacreditável e maravilhoso! Pelo que pudemos presenciar, basta que olhemos para o que desejamos e o alimento nos vem em forma de luz, de energia!
- É, pode ser. Porém, eu ainda prefiro um belo pernil bem assado, e sentir a barriga cheia de satisfação. - retruquei.
Eleanora se mostrando preocupada interrompeu-me:
- Temos que tomar cuidado, não conhecemos as leis deste lugar. Então, é importante que não matemos nenhum ser deste paraíso.
- Com certeza, princesa - assentiu Cerrado - já está em tempo de nos contatar com os habitantes desse lugar.
XVII – A TRAVESSIA
A hora havia chegado, finalmente passaríamos por aquele portal. Um misto de medo e vitória tomou conta de mim; o nosso semblante demonstrava grande preocupação. Cerrado, dando um passo em direção ao portal, avisou:
- Eu vou primeiro! - e sem dar tempo de alguém protestar, atravessou o portal gritando: até breve meus amigos!
Vimos o nosso companheiro desaparecer e o nosso sentimento era um só: medo. Logo em seguida, Constantino também desapareceu naquela imensidão de luzes. Eleanora engoliu em seco, prendeu os cabelos e se aproximando de mim disse:
- Eu te amo, Montezuma. Fique com essa minha lembrança, caso não nos vejamos mais.
Deu-me um beijo apaixonado. Senti meu corpo tremer e pedi que o tempo parasse naquele instante. A atitude apaixonada de Eleanora pegou-me de surpresa, eu não podia imaginar que ela estaria me amando; no mesmo instante, ela se virou para o portal e parecendo entrar por uma cachoeira de luzes, também desapareceu. Senti o coração bater mais forte e percebi que o amor de Eleanora havia me transmitido um força incrível para seguir o caminho do desconhecido.
Esperei por alguns segundos e, como num filme, imaginei as mudanças que minha vida sofreria após atravessar aquele portal. Avancei e de repente tive uma sensação de vazio, meus pés não tinham chão; comecei a girar numa velocidade inacreditável como se estivesse num redemoinho, minha pele parecia se desprender da carne e uma dor insuportável tomou conta de todo meu corpo até que houve uma explosão e a dor cessou.
XVI - O DESPERTAR
Acordei e vi que Cerrado já havia cuidado dos ferimentos de todos e, naquele instante, ele e Eleanora cuidavam de Constantino que, embora em estado febril, não tinha mais a aparência de um defunto. Tive a impressão de ouvir barulho de água descendo pelas pedras da galeria, agucei os sentidos e pude sentir o cheiro de terra molhada, então eu, com medo de despertar de um sonho perguntei:
- Cerrado que barulho é esse? Estou sonhando ou é alucinação?
- Veja! Passa um riacho pela galeria e forma uma lagoa. Encontrei locas cheias de bagres albinos com carnes saborosas. Coma, você precisa se alimentar e se esforçar para caminhar um pouco - falou Cerrado em tom paternal, estendendo-me um peixe espetado em sua faca.
Com as mãos tremendo, peguei o peixe e comi sem me incomodar com os espinhos que teimavam em espetar as minhas gengivas. Após saciar minha fome, bebi da água do riacho; era tão limpa que dava para enxergar cada pedrinha que compunha o seu leito. Aquele era um momento de uma magia inexplicável. Uma sensação de felicidade tomou conta de mim. Olhei para meus companheiros e pude ver que cada um sentia a mesma coisa.
Dois dias depois estávamos recuperados, inclusive Constantino embora sua reabilitação fosse mais lenta. Reiniciamos a caminhada. Do outro lado da galeria, entramos na outra etapa do buraco, mas dessa vez ele era maior e não exigia tanto esforço do nosso físico. Durou algumas horas essa caminhada até que deparamos com um portal de pedras que emitia luzes de todas cores e sua vibração era tão intensa que gerava sons incríveis.
Assustados e ao mesmo tempo perplexos e maravilhados, olhávamos para as luzes que, de tão forte, fazia doer nossos olhos.
- Meu Deus! É tudo verdade! - esclamei com medo que tudo aquilo desaparecesse de um instante para outro. Não pude registrar, por fotografias, a beleza do portal, a intensidade das luzes não permitia.
O Constantino seguiu um sonho e agora o encontrava, dando-nos a oportunidade de vivenciar tão mágico momento. Se não fosse excêntrico e teimoso, teríamos perdido tão belo registro em nossas mentes. Sei que é difícil acreditar que alguém tenha passado por aquele portal e tenha chegado a um lugar onde ninguém pode alcançá-lo e do qual retornam mensagens que julgamos, por descrença, desconexas e sem sentido.
- Valeu a pena acreditar - disse Constantino com a voz ainda fraca.
- Vamos atravessar, não percamos tempo! - pediu Eleanora.
- Espera aí, pessoal! Vocês lembram o que dizia a carta? Isso vai doer! Dá um tempo para que a gente se prepare espiritualmente. Isso foi comparado, na carta, com redemoinho que esmaga a gente. - falei preocupado.
- O Montezuma tem razão - ouvi aliviado o sertanista socorrer-me - o Dr. Constantino tem que se reabilitar e, até mesmo nós, estamos ainda fracos. Ficaremos aqui, amanhã a gente atravessa.
Fiquem com óculos escuros, não sabemos o que essa luz pode causar aos nossos olhos. Vamos nos alimentar e descansar, também quero que evitem falar muito, porque o ar rarefeito daqui pode nos causar sensações ainda mais desagradáveis. Vou tentar dormir um pouco.
Tudo o que eu havia visto, nas últimas horas, invadia o meu pensamento sem cessar. Retomei as escritas que haviam sido esquecidas por alguns dias e com os dedos ágeis registrei os acontecimentos. O que encontraríamos por trás daquele portal? Os artesãos? Seríamos bem recebidos ou estariam à nossa espera inimigos e monstros? Ainda poderíamos encontrar a morte numa fonte abissal de luz e energia. Com todos esses pensamentos, adormeci. O dia seguinte traria mais novidades.
XV - O TUNEL
Finalmente, chegamos à boca do túnel. Decidimos descansar e fazer refeição antes de iniciar a entrada. Cerrado deslizava os dedos por entre os cabelos lisos, demonstrando preocupação com Constantino; não falava com ninguém e de sua testa gotejava suor. Todos sabíamos que o melhor seria não entrarmos naquele buraco estreito. Estávamos caminhando rumo ao desconhecido e isso nos deixava com muito medo. Entretanto, o espírito aventureiro nos empurrava cada vez mais para dentro do túnel.
- Ainda podemos desistir - lembrou Cerrado olhando para cada um de nós e não obtendo resposta perguntou:
- Todos concordam em entrar?
- Eu sinto necessidade de ir até o fim. Garanto a todos que se encontrarmos esse portal, morrerei feliz - disse Constantino com um sorriso que parecia concordar com tudo que pudesse acontecer dali prá a frente, ou seja: estávamos nas mãos do destino.
- Quero continuar! Chegamos até aqui, não? Sem dizer que, entre entrar neste buraco e enfrentar aqueles bandidos, não temos muita escolha - disse eu.
- Também vou - disse Eleonora, sem comentário.
Horas mais tarde estávamos com capacetes equipados com lanternas, com roupas resistentes aos atritos nas paredes do túnel e máscara para filtragem do ar. Amarramos uma corda de cintura em cintura, e seguimos rumo ao mistério. Cerrado ia à frente, logo depois Constantino,
Eleanora e, por último, eu.
Não há muito o que narrar nesses dois dias de tatu vividos por nós. Tivemos várias crises durante o percurso. Não tínhamos como ficar em pé; às vezes, parecia que não voltaríamos a ver o sol ou sentir o ar fresco da natureza; todos queriam um bom banho e uma alimentação decente. Estávamos ali rastejando sem saber se encontraríamos uma passagem que nos tirasse daquele buraco.
Constantino, após umas quatro horas, teve uma crise respiratória; logo depois, Eleanora entrou em pânico e foi difícil para todos convencê-la de que logo estaríamos fora daquele lugar, pois todos nós tínhamos o mesmo sentimento: terror!
As paradas constantes para descanso, a paciência de Cerrado com Constantino e Eleanora me deixavam muito irritado. Mas, o que fazer? Tinha que ser assim, não podíamos ter pressa.
Às vezes apareciam cobras, escorpiões, aranhas, mas, éramos instruídos a não incomodá-las. Assim, lentamente, caminhamos escutando nossas próprias vozes repetindo queixas angustiantes das horas passadas ali.
Depois de 50 horas que mais pareciam milhares delas, chegamos à galeria; nossas pernas estavam adormecidas, não conseguíamos ficar em pé; as cãibras e a dor muscular eram tão intensas que senti náusea. Até mesmo o Cerrado, que estava habituado às aventuras, passou mal. Estávamos tão esgotados que até respirar exigia muito das nossas forças. Lembro-me que arrastamos Constantino por algum tempo; ele parecia estar morto. Bem no final do túnel, não resistimos ao sono e dormimos... dormimos muito.
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