terça-feira, 30 de junho de 2009

XIV - A CRENÇA



- No meio da Serra do Roncador há um lago chamado de "o portal". É um lago misterioso por ter água extremamente cristalina e não haver nenhum ser vivo dentro dela. De acordo com a crença esotérica, mergulhando nesse lago teremos acesso a Atlântida. Outro acesso seria uma rocha de cristal límpida e transparente com, aproximadamente, dez metros de diâmetro. Os ancestrais dos índios Xavantes utilizavam essa rocha como espelho. Os místicos acreditam que lá existe um portal que, quando há alinhamento de astros, ele se abre permitindo a passagem para outra dimensão. A região da Serra do Roncador é muito valorizada pelos seguidores de seitas místicas. Foi nesse local que Percy Fawcett desapareceu misteriosamente... - Dizia Eleanora.

- Droga! - gritei assustado - Uma onça! Estamos fritos!

- Calma - disse sorrindo o sertanista - passemos em silêncio, porém atentos. Acredito que ela não nos fará mal algum. Evitem olhar diretamente para ela. Descansaremos um pouco mais à frente.

Confesso que um tremor tomou conta de minhas pernas. Eu, no meu medo, parecia sentir o hálito fétido do animal no meu cangote e eu não pretendia virar refeição dessas feras. Bem que esse portal poderia mesmo existir e se abrir à nossa frente salvando-nos de qualquer perigo. Passado o perigo e o susto de todos, nos alimentamos, descansamos e voltamos a caminhar.

Entre caminhadas, descansos, encontros com onças, cobras, capivaras, muitas aves de cores variadas; flores que, até então, me eram estranhas, faziam parte daquele lugar. Tudo muito bonito, mas que se tornava tremendamente horrível quando ameaçava nossas vidas. Os insetos... malditos insetos... eu estava todo picado: no rosto, nas mãos. Parecia que eles queriam, desesperadamente, entrar pelas minhas orelhas, nariz e boca. Por mais repelente que usasse, ainda assim, eles insistiam em me atormentar.

- Esse repelente não está valendo muito!

- Se não fosse ele, meu caro Monte, você estaria ardendo em febre e com o rosto e as mãos em carne viva. Não se preocupe não, você se acostuma - ironizou Cerrado.

- Acostumar? Nunca! Não vejo a hora desse pesadelo terminar. Insetos, onças, espinhos, cobras, bandidos.. é demais para mim. Ai que saudade do trânsito, dos engarrafamentos, das buzinas... esse barulho todo das grandes cidade, perto dos zunidos dos pernilongos, seria como uma linda sinfonia para mim.

- Calma, Montezuma, já estamos chegando. Mais algumas horas e estaremos entrando no túnel - brincou Eleanora.

- Dois dias dentro de um túnel com 80 centímetros de diâmetro ..., espero que ele não se transforme em nosso túmulo - reclamei.

- Calma, Monte, calma. Em breve estaremos de volta à civilização e você poderá se deliciar com a poluição e as loucuras das grandes metrópoles. Até parece que o velho aqui é você - zombou Constantino.

Fiquei irritado e tenso com aquela observação, mas, logo após, achei bom que estivessem com disposição para brincadeiras. A travessia do túnel, ao meu ver, seria a pior fase da aventura e iríamos precisar de bom ânimo.

XIII - A FUGA



Caminhamos, em mata fechada, por mais ou menos duas horas. O silêncio reinava entre nós; estávamos tensos e cansados; os últimos acontecimentos nos deixaram abalados, o som de nossos próprios passos nos incomodava. Estávamos absorvidos em nossos pensamentos, quando nos pareceu ter ouvido vozes. Instintivamente, encolhemo-nos e fizemos o mais absoluto silêncio.

Os bandidos, talvez por acreditarem que ainda estávamos no acampamento, não tinham a mesma preocupação. Ao passarem por nós, pudemos ver o poder de suas armas: metralhadoras, fuzis e pistolas automáticas. Eram um grupo de cinco homens, muito bem armado. Não poderíamos encará-los, Cerrado, mais uma vez estava com a razão. Um deles, talvez o líder, disse aos seus comparsas:

- A partir de agora, calem-se. Devemos estar a umas duas horas do acampamento deles e não sabemos se o italiano e a Norma conseguiram dominá-los. Conheço o tal Antônio Cerrado, ele é o cão. Conhece isto aqui como a palma da mão.

Neste momento, olhei para o sertanista como se buscasse uma orientação; ele tinha a testa franzida e olhava para o homem que orientava os bandidos como se o conhecesse de algum lugar. Esperamos que se distanciassem e seguimos em direção oposta. Quase sussurrando, Cerrado nos disse:

- Conseguimos! Agora teremos muitas horas de vantagem sobre eles. Já estão exaustos, carregando aquele peso todo por mais de quatorze horas e, quando descobrirem o que fizemos, o desânimo cuidará do resto. Com certeza absoluta, não terão como reiniciar a caminhada imediatamente. Agora quero que vocês apertem bem as botas, bolhas nos pés podem fazer com que percam os pés.

O carinho com que Eleanora tratava Constantino parecia devolver-lhe o ânimo e seus passos, agora, eram mais firmes, seu semblante estava mais iluminado e o vermelho voltava aos poucos ao seu rosto. Imaginei que, apesar de milionário, deveria ser um homem solitário, com relações pautadas apenas por bases materiais: presentes prá lá, presentes prá cá, e poucos abraços apertados e beijos carinhosos. Estar ao lado de uma mulher que lhe tratava como uma filha carinhosa e cheia de cuidados, fazia bem a ele. Com isso, o minha admiração por Eleanora, aumentou. Mas, aquele homem ainda nos surpreenderia; para mim o principal segredo ainda estava para ser revelado e isso me incomodava. Voltei-me para o Cerrado e indaguei:

- Você conhece o líder deles, não é?

- Sim. João Vicente é um mau caráter, explora índios, contrabandeia pedras preciosas e já esteve envolvido com trafico e exploração de mulheres. É um rato procurado pela polícia, é um assassino muito perigoso e totalmente sem escrúpulos.
Eleanora continuava mais atrás, dando toda a atenção a Constantino e às vezes trocavam algumas palavras. Após umas quatro horas de caminhada, Cerrado interrompeu orientando-nos:

- Vamos parar por meia hora, comam alguma coisa, mas nada que utilize fogo. Não deixem lixos na mata porque, além de prejudicar o meio ambiente, podem denunciar nossa trilha para os bandidos. Mais umas trinta horas de caminhada e deveremos alcançar o túnel. Caso não encontrem pistas de nossa passagem por aqui, é possível que deduzam que fomos para o grande cristal que fica na serra, ou para uma lagoa que ali existe.

- É verdade - reforçou Eleanora - eles devem imaginar que procuramos os lugares que são considerados místicos.

- Sim, um cristal que os índios utilizavam como espelho... - ia contando quando se intrometeu Constantino dizendo:

- E uma lagoa de água cristalina que dizem ser um portal.

- Exatamente, isso fará com que ganhemos mais tempo ainda. O túnel é desconhecido e, também, protegido por uma vastidão de arbustos. Acredito que nem João Vicente deve conhecê-lo - disse Cerrado.

sábado, 20 de junho de 2009

XII – A TRAIÇÃO



Sempre tive problemas com o sono; dormir, para mim, não é algo tão simples como é para a maioria das pessoas. O segundo turno da vigia seria meu. Eu tinha que descansar um pouco, enquanto Eleanora estava em alerta. Com muito custo peguei no sono, conseguindo dormir por cerca de quarenta minutos. Não conseguia continuar deitado, ainda mais sem o conforto de um bom colchão. Não tinha como negar, sou um bicho urbano; os malditos mosquitos e os grilos, com seus cantos noturnos, pareciam querer me enlouquecer. Naquele instante senti uma vontade louca de ouvir as buzinas, as vozes dos boêmios, do cheiro da tinta dos grafiteiros, das músicas pelos bares e restaurantes. Levantei-me e resolvi prosear um pouco com a Eleanora. Caminhei por uns vinte metros até chegar onde ela estava de vigia.

Fiquei surpreso ao ver que ela dormia feito uma criança! Então, percebi que foi bom não ter continuado na "cama" e pensei: "já que não consigo dormir, vou antecipar a minha guarda e liberá-la para que possa dormir de maneira mais confortável". Ao me aproximar dela, levei um grande susto: pude ver que em sua testa escorria um filete de sangue. Meu Deus, na verdade, ela estava desmaiada! - gritei por auxílio:

- Cerrado, Cerrado, Eleanora está ferida!

O sertanista levantou-se, meio atordoado e praguejando gritou:

- As armas..., as armas..., rápido!

- Sumiram todas - gritou Norma.

- Maldição - gritou Cerrado - levantem-se todos, depressa! - e virando para mim perguntou preocupado:

- Como ela está?

- Não sei - respondi - não parece mal, tem um pequeno ferimento na testa.

Constantino aproximou-se e comentou demonstrando tristeza:

- Eles conseguiram nos alcançar. Você calculou mal a hora da chegada deles, Cerrado.

- Na verdade, meu cálculo estava certo, doutor Constantino, não foram eles que feriram a Eleanora e roubaram nossas armas.

- Che cosa sta dicendo? - interrogou Felipo com olhos arregalados.

- Se fossem eles, não roubariam apenas as armas, teriam, também, nos rendido e nos aprisionado. Além do mais, ainda devem estar a umas seis horas daqui, se é que realmente nos procuram - argumentou Cerrado.

- Está sugerindo que um de nós fez esta barbaridade, Cerrado? É um pensamento atrevido de sua parte - berrou Azevedo.

Rapidamente me coloquei entre frente aos dois para evitar que eles se agredissem e pedi:

- Calma aí pessoal, calma. Acredito que o Cerrado tem razão... a mesma pessoa que pegou a arma deve ter matado Bob Carlson.

- Absurdo! - disse Sérgio Azevedo, teimando em não acreditar que entre nós havia um assassino.

Constantino empalideceu e procurou apoio para não cair, sentando-se em um tronco e pegando um lenço, secava o rosto molhado de suor. Não opinou, apenas ficou em silêncio profundo, remoendo seus pensamentos.

Eleanora estava voltando a si. Nesse instante lembrei-me de quando Cerrado me contou que ela sempre levava uma arma junto ao corpo. Me aproximei dela e cochichei ao seu ouvido:

- Ainda tem a sua arma consigo?

- Sim - respondeu ela.

- Então, não conte prá ninguém. Fique com ela, poderá precisar a qualquer momento. Levaram todas as nossas armas.

Pisquei para o Cerrado e lhe dei um sinal positivo, ele entendeu o que quis dizer. Agradeci aos céus, pois tínhamos, pelo menos, um revólver.

- Eleanora, vou atrair a atenção do Sérgio e do Felipo de forma que fiquem de costas para você. O bandido só pode ser um deles e vou tentar descobrir isso agora - planejei com ela.

Aproximei-me deles e arrisquei apontando o dedo para o Sérgio:

- Muito bem, Azevedo... pode acabar com a farsa e comece se explicando por que matou o Carlson e o que tem a ver com aquele helicóptero? São seus comparsas, não são?

- Você está louco? Vou quebrar sua cara seu....

A fúria de Azevedo foi interrompida por Norma que gritava:

- Vamos acabar logo com esse verme assassino, se não o matarmos ele fará conosco o que fez com Bob.

Naquele instante, Cerrado pode perceber, no rosto de Norma, um sorriso de satisfação, então voltou-se para ela e disse:

- Matar é simples para você, não é Norma?

A bióloga, com olhos arregalados, pegou uma pistola e apontando para todos ordenou:

- Fiquem onde estão! Sentem-se! Vamos aguardar pois, daqui há algumas horas, meus amigos devem estar chegando.

Olhando firmemente em seus olhos perguntei:

- Por que?

E ela respondeu o que não podíamos compreender até aquele momento:

- Só queremos seqüestrar o velho. Quanto a vocês, não sei qual é o plano de meus amigos, por mim já teria acabado com todos - afirmou demonstrando grande frieza.

- Você matou o Bob Carlson? - eu quis saber.

- É... ele ouviu uma conversa do Felipo com um dos nossos cúmplices e não podia ficar vivo - disse a bióloga.

- Foi Norma quem me indicou ao velho. Antes de vocês serem contactados, já tínhamos todo plano em mente e... até que foi bem mais simples do que imaginávamos - disse o italiano, sem sotaque, com ar zombeteiro.

- Malditos! - berrou Constantino.

- Cale-se velho! ordenou Felipo.

Azevedo indignado pulou sobre Felipo e rolando pelo chão, tentava, desesperadamente, desarmar o músico. Eleanora, aproveitando a distração da bióloga, pegou sua arma. No entanto, Norma virou-se e atirou rumo a Eleanora que, num gesto de proteção, deixou escapulir a sua arma. Azevedo, atirou-se ao chão e pegango a arma de Eleanora deu um tiro que atingiu o coração de Norma. Aproveitando aquele momento de grande confusão, Felipo, alucinado, atirou diversas vezes em Sérgio, que teve morte instantânea. Constantino observava, com os olhos arregalados, parecendo estar em estado de choque. Felipo, numa tntativa de fuga, desabou em um precipício estatelando por entre as rochas.

- Quanta morte! Não podia imaginar que tudo isso iria acontecer - lamentou Constantino.

- Ninguém poderia saber que Norma e Felipo eram dois assassinos - disse tentando amenizar a dor que Constantino deixava transparecer.

- O pior é que os mortos não podem dizer onde estão as nossas armas e temos que seguir viagem - disse Cerrado.

- Pobre Sérgio! Eu o acusei sem piedade e nem pude pedir desculpas a ele - falei aborrecido.

- Você está ferida, minha filha? - perguntou Constantino carinhosamente a Eleanora.

- Não conseguiram me acertar, eles não tinham experiência com armas. Na verdade acredito que eles estavam se iniciando na vida criminosa - disse Eleanora sendo interrompida por Cerrado.

- No entanto, mataram Bob Carlson, friamente e, sem hesitar, fizeram o mesmo com o Sérgio Azevedo. Malditos! Mereceram o final que tiveram. Seus cúmplices devem ter ouvido os disparos... vamos pegar as armas do Felipo e da Norma, juntar o essencial e cair fora daqui. Penso que sei a qual buraco se refere a carta, vamos prá lá, pois é a nossa única alternativa de fuga.

Constantino, demonstrando cansaço, disse a todos:

- Se quiserem, cancelo a expedição.

- De forma alguma, agora é que não podemos desistir. Passamos por momentos difícies e até perdemos nossos colegas de jornada, desistir, agora, seria loucura - opinou Cerrado.

- E, além disso, temos um portal para atravessar - tentei brincar.

Usamos a lona das barracas para enrolar os corpos, pois não havia tempo para sepultá-los; queimá-los poderia trazer graves conseqüências para a floresta. As armas de Norma e Felipo, com a de Eleanora, era tudo que tínhamos. Três revólveres contra, talvez, as armas sofisticadas dos seqüestradores. Assim sendo, melhor seria que não houvesse um confronto. Teríamos que passar pelos bandidos, sem que nos percebessem. Entre as coisas essenciais que pudemos pegar estava um GPS que nos ajudaria na localização.

- Vamos - decidiu Cerrado - não podemos perder tempo.

Constantino nos preocupava... estava quieto, decepcionado, talvez arrependido, como se a culpa das quatro mortes lhe pesassem sobre os ombros.

- Se quiserem desistir, eu entendo - disse ele sendo interrompido por Cerrado:

- Não temos mais essa opção. Se quisermos ter alguma chance contra aqueles canalhas, temos que continuar. Acredito que o túnel citado na carta é o mesmo em que estive e, se conseguirmos chegar na tal galeria, podemos esperar pelos bandidos nela. Na saída do túnel eles serão presa fácil, já que só passa um por vez.

- Acho que tem razão. Mas tem certeza que é esse o tal buraco? - perguntei.

- Não deve ter outro com tais características, Passei meus primeiro 20 anos de vida nesta região e acredito que deve ser o tal túnel - disse o sertanista.

Eleanora assentiu com a cabeça e passou as mãos, carinhosamente, nos ombros de Constantino dizendo:

Vamos! Temos que sair logo daqui.

Cerrado jogou-me um facão, alertando:

- Só use se for extremamente necessário. As picadas podem denunciar nossa trilha.


XI – A DECISÃO



Passando as mãos pelos cabelos, sorri ironicamente:

- Que absurdo! Não acredito que estamos aqui por esse motivo! Está claro que tudo isso foi escrito por excesso de sentimento ou um desvio mórbido da razão, com uma lógica, que afasta a pessoa cada vez mais da realidade!

- Vejo de outra forma - interrompeu Eleanora - as letras são firmes e bem escritas, afastemos, pois, a hipótese de delírio. E tem mais, o Jeremiah não era merecedor da confiança depositada nele: leu a carta, sabia o valor do instrumento e, sem pensar em mais nada, correu para a América do Norte para vendê-lo e fazer uso do dinheiro em seu próprio benefício. Além disso, nem se deu ao trabalho de destruir a carta, simplesmente a enfiou dentro do violão.

- Pode ser que não - defendeu Norma - ele pode ter sido atacado por ladrões e ter escondido a carta dentro do instrumento para, mais tarde, recuperá-la e entregá-la ao reverendo.
Foi aí que o Cerrado, verdadeiramente, me surpreendeu ao revelar sua opinião.

- Também acredito em sua teoria, Norma - disse Cerrado acrescentando - e vou mais além: não temos o direito de seguir viagem, vamos destruir a carta e deixar o paraíso em paz. Façamos o que foi pedido ao reverendo. Não creio que a natureza aprove a continuidade dessa expedição.
De súbito, parecendo desesperado, Constantino interrompeu gritando feito louco:

- Eu já paguei a metade para vocês! Vamos seguir viagem!

- Por mim devolvo tostão por tostão, doutor Constantino. E quanto a você Montezuma? - perguntou o sertanista olhando para mim em busca de cumplicidade.

- Devolver a grana? Não tem jeito amigo, sinto muito. Se for esta a condição, eu continuo. Temos que lembrar que, se isso for verdadeiro, verei minhas publicações ladeadas pelas de Júlio Verne e de Artur Conan Doile. Sinto mesmo, mas eu preciso da fama e do dinheiro - respondi explicando.
Olhei para todos para sentir o que cada um pensava daquilo, mas sem conseguir desvendar seus semblantes, então arrisquei uma pergunta para Eleanora:

- E você, Eleanora, o que pensa fazer?

- Sou uma historiadora e..., se a narrativa da carta for real, a humanidade não pode ser privada dessa descoberta - respondeu passando a vez para a Norma.

Estou com você, é uma grande descoberta! - respondeu Norma.

O biólogo levantou-se, sorriu e emendou:

- Alimentar-se de luz, ter o poder de transformação, vidas sem cadeias alimentar... é um novo conceito de biologia, não posso ficar fora. Eu vou! E você Martinelli?

- Embora eu esteja com muito medo de atravessar esse túnel, eu continuo - respondeu o músico.
Constantino, com ar vitorioso, virou-se para Cerrado e questionou:

- Está sozinho, Cerrado, e agora? Quero lembrar que precisamos de você!

- Vocês não terão chance sem mim, sou obrigado a continuar, até mesmo para impedir que destruam a única coisa perfeita da qual já ouvi falar. Agora, antes que escureça, vamos nos preparar para receber aqueles nossos visitantes. Quem estiver armado fique com a arma ao alcance das mãos. De agora em diante nos revezaremos na vigia, em turno de duas horas. Primeiro, Eleanora; segundo, Montezuma; terceiro, Martinelli; quarto, Azevedo; eu fico por último que é perto da hora que, provavelmente, estarão se aproximando. Aproveitem para se banhar, comer e esticar as pernas, pois teremos que dormir cedo.