domingo, 26 de abril de 2009

V – MATO GROSSO


Desembarcamos no aeroporto Marechal Rondon, na cidade de Várzea Grande, fato que levou alguém a protestar:

- Não íamos descer em Cuiabá?

Prontamente respondi:

- É só atravessarmos a ponte sobre o rio Cuiabá e estaremos na capital. Os municípios de Cuiabá e Várzea Grande são separadas apenas pelo rio Cuiabá - ensinei.

Um carro espaçoso e confortável esperava para nos levar ao hotel. Ficamos sabendo, pouco antes de chegar à hospedaria, que as duas mulheres que completariam nossa equipe já se encontravam ali. Dr. Constantino procurou falar com elas, enquanto fomos para nossos aposentos. Era um hotel fazenda muito agradável e aconchegante. Gostei do ar puro e das belas plantas que exibiam suas folhas verdes mescladas de um dourado ocasionado pela luz do sol. Ficou acertado entre nós que desceríamos apenas na hora do jantar, ocasião em que seríamos apresentados às duas moças. A curiosidade me inquietava e mais uma vez eu dividiria o quarto com o sertanista. O tempo estava seco e, da janela do apartamento, ao olhar para o horizonte, podia ver sinais de fumaça e poeira, mas, a paisagem mais imediata era verde e viva por estar constantemente molhada pelo sistema de irrigação do hotel.

- Quando falam que Cuiabá é quente não estão brincando: agora deve estar fazendo uns 38º graus - comentou Cerrado passando a mão pela testa - o que me preocupa é que esta expedição está fora de época; deveria ter sido feita mais cedo. A qualquer hora pode começar as chuvas e se tem coisa que não combina, amigo, é expedição em mata com chuva: os perigos se multiplicam, uma gruta pode encher em questão de minutos, isto sem falar nas trilhas que, simplesmente, deixam de existir ...

- Você argumentou sobre isso com o Constantino? - indaguei;

- Tentei ... mas, de acordo com o professor e o tal físico, este é o período propício para que eles encontrem o que procuram - respondeu com ar de cansaço.

- Então o físico sabe o que está fazendo aqui - argumentei.

- Pelo que pude notar ele sabe tudo sobre esta viagem. Mas não se consegue arrancar nada dele, nem mesmo um bom dia - replicou.

- Você também sabe tudo, não é? - investiguei.

- Talvez um pouco mais que os outros, mas exatamente o que procuram não sei. Às vezes penso que o velho acredita em vida subterrânea, um mundo embaixo da terra com pessoas ainda mais evoluídas que a nossa civilização. Coisas assim de doido, sabe ... - disse apontando o dedo indicador para a cabeça.

- Nossa! Por que não pensei nessa eventualidade? Isso explica a presença do físico! Não procuram um mundo subterrâneo, mas sim uma passagem subterrânea! - parecia que finalmente tudo se tornava claro em minha mente.

- Como? Passagem para onde? Prá algum vale perdido? Com tantos satélites no espaço, se existisse algum já teria sido descoberto. Não pode ser - argumentou discordando, meu companheiro de quarto.

- Vale perdido, talvez, mas em outra dimensão, eles procuram um portal! Um portal para outra dimensão! - respondi olhando para o vazio.

- Acho que o calor fritou seus miolos. É melhor que descanse um pouco. Outra dimensão ... cada uma ... falou irritado o sertanista.

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